quarta-feira, 7 de julho de 2010

A carta Selada


Meu avô morreu quando eu estava longe de casa.

A noticia desabou em cima de mim como uma tonelada de tijolos.

Estas coisas são duras porque a gente não as controla nem pode influenciar. Ficamos cheios de raiva, sentimos tristeza, confusão, arrependimentos e mais mil coisas que nos correm por dentro, mas quando olhamos pela janela, o mundo continua como se nada tivesse acontecido. Isso era o que mais me doía. Lembro da volta pra casa e como a voz do locutor do radio me fazia estremecer ao perceber que o mundo ainda seguia em frente, quando a única coisa que eu queria era que ele sofresse comigo.

Eu estava magoada com a minha família, porque eles tinham tido a oportunidade de se despedir e eu não. Sabia que tinha de fecha o ciclo de alguma maneira, então escrevi a carta mais longa da minha vida. Derramei cada gota dos meus sentimentos naquele papel, e continuei escrevendo ate a mão doer. Naquela carta contei ao meu avo as coisas que desejava ter lhe dito anos antes, falei sobre o meu futuro e de tudo o que eu gostaria que ele tivesse vivido comigo. Selei o envelope e o levei comigo para todas as partes naquele fim de semana.

Escrever aquela carta me aliviou a cabeça. Deu-me um tipo de consolo que nada mais poderia ter me dado. No meu coração, acredito que o meu avo ouviu minhas palavras, e isso me ajudou a continuar minha vida. Quando alguém morre ficamos triste, mas também nos enfurecemos, e é muito mais dificil porque a pessoa não esta ali para nos ajudar a resolver o problema.

Escrever aquela carta foi a minha forma de concluir o assunto, de manifestar minha alegria por tudo o que tinhas vivido juntos.

Quando visito o túmulo do meu avo, eu lhe conto tido o que esta acontecendo na minha vida. Ainda fico triste por ele não estar aqui para compartilhar minhas coisas, mas sinto que ele esta comigo, dentro de mim e que, em muitos aspectos, continua sendo parte da minha vida


Dê palavras á tristeza... A dor que não fala sussurra ao coração angustiado e lhe ordena que se parta.

William Shakespeare

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